A obesidade e cirurgia bariátrica podem ser entendidas como dois lados opostos: a obesidade é a doença, enquanto a cirurgia bariátrica é um dos tratamentos.
Essa doença foi classificada como uma epidemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1977. No Brasil, 53,7% dos beneficiários dos planos de saúde são obesos, segundo pesquisa do Ministério da Saúde.
A obesidade é uma doença de caráter multifatorial. Ou seja: ela possui múltiplas causas. A prevenção da obesidade inclui a mudança de hábitos e controle dessas causas.
Primeiramente é necessário iniciar o tratamento clínico, onde o paciente deve seguir uma série de mudanças prescritas pelo médico especializado.
No caso de falha do tratamento clínico realizado por, no mínimo, 2 anos, o paciente pode se submeter ao procedimento cirúrgico: a cirurgia bariátrica.
Nesse texto vamos mostrar a relação da obesidade e cirurgia bariátrica, além de explicar:
as indicações da cirurgia bariátrica;
os benefícios desse procedimento cirúrgico;
os principais tipos de cirurgia bariátrica;
os riscos desse procedimento.
Obesidade e cirurgia bariátrica: doença e tratamento
A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. O fato de ser uma doença crônica indica que ela não possui cura. Pode ser controlada, mas não é curada.
O diagnóstico da obesidade é realizado por um médico especializado através, principalmente, do cálculo do IMC (calcule através da nossa calculadora de IMC).
O Índice de Massa Corporal é calculado através da divisão do Peso (kg) pela altura (m) ao quadrado. De acordo com os valores resultantes, é possível identificar se o indivíduo está no peso ideal.
A obesidade é diagnosticada em pessoas que possuem o IMC acima ou igual à 30 kg/m², no quadro conhecido como obesidade tipo I.
Quando a pessoa se encontra na faixa dos 25 a 29,9 kg/m² do IMC ela é diagnosticada com sobrepeso. Esse é um sinal de alerta, já que esse é um quadro de pré-obesidade.
A obesidade é um fator de risco para uma série de outras doenças relacionadas, as chamadas comorbidades, como por exemplo:
hipertensão arterial;
problemas articulares;
câncer;
apneia do sono;
alterações do colesterol e triglicérides;
gordura no fígado.
Depois do diagnóstico e avaliação de um médico especializado, inicia-se o tratamento clínico. O tratamento clínico pode ser realizado por um médico ou uma equipe multidisciplinar.
Nesse tratamento, o médico ou equipe podem prescrever um processo de reeducação alimentar, a prática de atividades e exercícios físicos e/ou o uso de medicamentos.
No entanto, é válido lembrar que o uso de medicamentos deve sempre ser prescrito por um profissional de saúde especializado.
Indicações da cirurgia bariátrica
O tratamento cirúrgico só é indicado em situações específicas ou para pacientes que possuam um quadro clínico que atenda às características.
No caso da cirurgia bariátrica, por exemplo. É um tratamento cirúrgico indicado somente quando o paciente apresenta falha no tratamento clínico realizado.
Além disso, vale destacar que o paciente possuir características que se adequem às exigências da cirurgia, tais como:
ter IMC acima de 40 kg/m² (obesidade grave ou grau III) com ou sem comorbidades ou;
ter IMC entre 35 e 40 kg/m² (obesidade grau II) com comorbidades ou;
ter IMC entre 30 e 35 kg/m² (obesidade grau I) com dificuldades de controle do diabetes.
Benefícios e riscos da cirurgia bariátrica
A cirurgia bariátrica é um procedimento cirúrgico destinado a tratar os diferentes casos de obesidade e as doenças associadas ao excesso de peso.
Os principais benefícios deste procedimento cirúrgico advém da perda de peso. Com isso, há o aumento da longevidade e a elevação da qualidade de vida.
Sabe-se que o aumento de peso é um dos principais riscos para a obesidade. Em indivíduos onde o IMC esteja acima de 25 kg/m² já é necessário estar alerta para o risco de obesidade.
Além de ajudar na redução do peso, a cirurgia bariátrica é eficaz na melhora do quadro de doenças associadas à obesidade. A cirurgia, inclusive, é indicada para pacientes com obesidade grau I com dificuldades de controlar o diabetes.
Sabe-se também que a obesidade é uma doença que afeta, sobretudo, a autoestima. Por isso a cirurgia bariátrica pode ajudar com problemas nesse sentido, além de diminuir o risco de depressão.
Os riscos da cirurgia bariátrica estão intimamente associados com o número e o estado das comorbidades. Para evitar que essas doenças venham a se agravar, é necessário um acompanhamento minucioso da equipe multidisciplinar.
A incidência de complicações da cirurgia é muito baixa, mas deve ser realizada por equipe especializada a fim de reduzir tais problemas:
Sangramento interno;
Embolia pulmonar;
Infecções
Fístulas na linha de grampeamento da região operada.
Nesses casos, pode ser necessário a realização de uma nova operação para corrigir os problemas advindos do procedimento.
No entanto, a cirurgia bariátrica é um procedimento extremamente seguro. Os dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) mostram que os riscos de morte são extremamente baixos: 0,2% de óbitos. É o mesmo risco de uma cirurgia de vesícula.
Tipos de cirurgias
As cirurgias bariátricas são divididas pelo mecanismo de funcionamento. Existem três tipos de procedimentos básicos:
Restritivas;
Disabsortivas;
Técnicas mistas.
Essas três cirurgias podem ser realizadas através de cinco principais técnicas:
Abordagem aberta;
Videolaparoscopia;
Robótica;
Procedimento endoscópico.
Vamos conhecer as principais características de cada uma delas.
Restritivas
Na cirurgia bariátrica com procedimentos restritivos há uma redução da quantidade de alimentos que o estômago absorve. Esse tipo de procedimento leva à restrição da ingestão de alimentos e ao aumento da saciedade.
Elas podem ser estritamente restritivas ou restritivas e metabólicas. As estritamente restritivas não levam à alteração da fome do paciente, enquanto as restritivas e metabólicas reduzem a fome e levam à saciedade.
Disabsortivas
Essas cirurgias influenciam diretamente no tamanho do estômago e, consequentemente, a sua capacidade de receber alimentos.
Assim como as restritivas, esses procedimentos podem ser classificados em dois tipos. Podem ser puramente intestinais, não alterando o tamanho do estômago. Também podem acrescentar uma parte metabólica, deixando de ser puramente disabsortivas.
Conhecidas como cirurgias de bypass intestinal ou cirurgias de desvio intestinal, elas induzem ao emagrecimento pela redução da absorção dos alimentos.
No entanto, nesse tipo de cirurgia o paciente deve controlar a ingestão de micronutrientes (vitaminas).
Técnicas mistas
Essas são as cirurgias mais indicadas e mais realizadas no mundo todo. Tem uma série de benefícios para o paciente, tais como:
controle das doenças associadas extremamente eficaz;
boa manutenção do peso perdido a longo prazo;
melhores níveis de satisfação.
Conhecidas como cirurgia de bypass gástrico ou fobi-capella, elas causam restrição na capacidade de receber o alimento pelo estômago. Isso acontece por conta de um desvio curto do intestino.
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