Muitos fatores estão envolvidos nas causas das deficiências nutricionais nos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica

Antes mesmo de qualquer intervenção cirúrgica, a obesidade pode estar associada às deficiências nutricionais que podem ser agravadas após as alterações anatômicas e fisiológicas provocadas no trato gastrointestinal.

 Além disso, há limitação e\ou alteração na ingestão dietética. 

Assim, a suplementação nutricional torna-se uma alternativa terapêutica necessária e deverá ser avaliada de forma individualizada.

Os sintomas de deficiência dos micronutrientes são inespecíficos, e o exame físico pode não ser confiável para o diagnóstico precoce sem que haja uma confirmação laboratorial.

Dessa forma, sinais clínicos só são perceptíveis na fase mais evoluída da deficiência.

 O uso de polivitamínicos/minerais de forma preventiva deve compor o protocolo de atendimento de todos os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. 

O tratamento das deficiências nutricionais desses pacientes deve considerar mega doses de micronutrientes devido à menor biodisponibilidade em decorrência das alterações fisiológicas proporcionadas pelas técnicas cirúrgicas.

Principais deficiências:

Tiamina

Sua deficiência pode ocorrer de forma aguda após qualquer tipo de cirurgia bariátrica em pacientes que apresentem vômitos prolongados, e está associada a sintomas neurológicos graves, que podem ser irreversíveis.

Vitamina B12

Sua deficiência pode ser vista após seis meses de pós-operatório, porém na maioria das vezes ocorre após um ano, quando seu armazenamento no fígado encontra-se esgotado.

 É frequente a ausência de sintomas na presença de sua deficiência e existe o risco de danos neurológicos irreversíveis.

Ácido fólico

Pode se manifestar como anemia macrocítica, leucopenia, trombocitopenia, glossite ou medula megaloblástica. 

Na maioria das vezes ocorre devido à diminuição da ingestão e não em decorrência de sua má-absorção. A própria deficiência de vitamina B12 pode resultar em deficiência de ácido fólico.

Ferro

A anemia pode afetar dois terços dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, sendo geralmente provocada pela deficiência de ferro. 

O Ideal é que o suplemento de ferro seja acompanhado de vitamina C para prevenir a constipação, melhorar a flora intestinal e proporcionar melhor absorção do mineral. 

É importante a suplementação de forma isolada e em jejum. Além disso, a deficiência de cobre também pode proporcionar anemia.

Cálcio e vitamina D:

 A suplementação de cálcio e vitamina D tem sido recomendada com o objetivo de prevenir a reabsorção óssea. 

Na presença de um ambiente menos ácido, como o pequeno estômago após a cirurgia bariátrica, a absorção de carbonato de cálcio torna-se comprometida, enquanto que o citrato de cálcio é mais biodisponível. 

Dosagens elevadas de suplementação de vitamina D têm se mostrado seguras e potencialmente necessárias para tratar hiperparatireoidismo secundário presente em alguns pacientes.

Vitamina A e vitamina E

O monitoramento anual dos nutrientes lipossolúveis após procedimentos disabsortivos deve ser realizado. Os sintomas da falta de vitamina A são cegueira noturna, pele e cabelos secos, prurido, redução da acuidade visual e predisposição a infecções. 

Já a vitamina E possui efeitos antioxidantes. As deficiências de ferro e cobre podem prejudicar a resolução da deficiência de vitamina A.

Proteínas

A deficiência de proteínas é a mais comumente relatada entre os macronutrientes. Os pacientes devem ser orientados a utilizar suplementos proteicos em pó e de alto valor biológico após 48 horas da realização da cirurgia. 

Carnes, aves, peixes, e leite e derivados lácteos devem ser incentivados ainda nos primeiros meses de pós-operatório. A ingestão de proteína deve ser avaliada periodicamente, em cada consulta nutricional. 

Na presença de deficiência proteica clínica os pacientes devem ser tratados com dieta hiperprotéica. 

As deficiências de micronutrientes são as principais alterações que colocam em risco o sucesso dos procedimentos cirúrgicos. 

A reposição de micronutrientes a partir da alimentação é a maneira mais adequada de se manter os estoques corporais em níveis desejáveis. 

No entanto, em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica alguns fatores justificam a suplementação nutricional, que deverá ser utilizada pelo menos cinco vezes na semana. 

A adequação de micronutrientes é importante não só para a manutenção da saúde, mas também para obter o máximo sucesso na manutenção e na perda de peso a longo prazo.

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