Os riscos do câncer associado à obesidade são bem conhecidos. Diversos estudos mostram que o excesso de peso está relacionado ao desenvolvimento de pelo menos 14 tipos de câncer.

Um desses estudos foi publicado em 2018. Ele foi realizado pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade de Harvard e com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC).

Essa pesquisa estima que, em 2025, o Brasil terá 29 mil casos de câncer associados à obesidade, o que corresponderá à aproximadamente 5% do total dos casos da doença no país. Em 2012, esse número foi de 15 mil casos.

A questão que essa pesquisa traz à tona é de que 29 mil casos de câncer podem ser evitados com a diminuição da obesidade no Brasil.  

Atualmente, o tabaco é a principal causa de mortalidade por câncer evitável. Mas a obesidade está quase alcançando o primeiro lugar.

A relação entre o IMC e o Câncer

Não só pessoas que possuem obesidade correm maior risco de sofrer com o câncer. Indivíduos com sobrepeso também podem sofrer com esse mal.

Para classificar alguém com sobrepeso ou obesidade, utilizamos o Índice de Massa Corporal (IMC). É um cálculo simples: o peso dividido pela altura elevada ao quadrado (kg/m²).

Se a pessoa tiver um  IMC acima de 25 kg/m² e inferior a 30 kg/m² ele terá sobrepeso. Já os graus de obesidade serão estabelecidos a partir das regras abaixo:

  • IMC à partir de 30 e inferior a  35 kg/m²: Obesidade grau I;
  • IMC à partir de 35 e inferior a  40 kg/m²: Obesidade grau II;
  • IMC à partir de 40: Obesidade grau III

Pesquisas mostram que o sobrepeso aumenta muito os riscos e a mortalidade por câncer. Se o IMC for maior que 40, os riscos de desenvolver a doença podem aumentar mais de 50% em relação às pessoas com IMC normal.

Esses dados foram divulgados por uma  pesquisa realizada em 2003, publicada na revista médica The New England Journal of Medicine.  

Ela revelou que, quando comparamos um homem com um IMC normal com homens com IMC maior que 40, o risco de morrer de câncer é 52% mais alto. Nas mulheres, nessa mesma comparação, o aumento do risco foi de 62%.

Pessoas com obesidade grau III tiveram mais mortes relacionadas aos cânceres de  esôfago, cólon, reto, fígado, vesícula biliar, pâncreas, rim, mieloma múltiplo e linfoma não Hodgkin.

Os fatores que relacionam o câncer à obesidade

Mas por que a obesidade pode ocasionar diversos tipos de neoplasia, o termo médico utilizado para o câncer?

As células que armazenam a gordura em nosso corpo são as chamadas adipócitos. Além de armazenar a gordura, elas fabricam algumas substâncias e hormônios que contribuem para o funcionamento do organismo.

Quando essas células estão entupidas de gordura, elas aumentam a produção de certas proteínas e hormônios. Em excesso na corrente sanguínea, esses elementos ocasionam a multiplicação das células tumorais.

Sem esse estímulo é muito provável que essas essas células maléficas fossem eliminadas pelo corpo naturalmente. Assim, a o excesso de gordura no corpo acaba incentivando o câncer e acelerando a sua proliferação.

Outro ponto importante das consequências da obesidade é o Diabetes tipo 2.  

Quando uma pessoa possui esse tipo de diabetes, acaba tendo mais radicais livres no organismo. Eles atacam os DNA e criam as mutações cancerígenas.

Os tipos de câncer associados à obesidade

Segundo a pesquisa realizada pela USP, existem 14 câncer associados à obesidade. São elas:

  • O câncer de mama na pós-menopausa;
  • O câncer de cólon;
  • O câncer reto;
  • O câncer o câncer de útero;
  • O câncer da vesícula biliar;
  • O câncer do rim;
  • O câncer de  fígado;
  • O câncer de ovário;
  • O câncer de próstata,
  • O câncer mieloma múltiplo (células plasmáticas da medula óssea);
  • O câncer de esôfago;
  • O câncer de pâncreas;
  • O câncer de estômago;
  • O câncer de tireoide.

A pesquisa mostra que os câncer de mama, útero e cólon são as que mais se relacionam com a obesidade nas mulheres. Nos homens, são o câncer de cólon, próstata e fígado.

No caso das mulheres, após a menopausa, os ovários diminuem a produção de estrogênio. Já as célula adiposa com gordura em excesso geram quantidades grandes de hormônios femininos. O excesso acaba se dirigindo para útero e as mamas e causando câncer.

Nos homens, a obesidade diminui a produção de testosterona e contribui para o surgimento do câncer de próstata.

Os câncer de cólon e reto são diretamente relacionadas ao aumento da produção de insulina pelo corpo. O aumento da pressão arterial pode contribuir com o câncer nos rins.

O tratamento da obesidade é essencial para se prevenir e tratar de outros problemas de saúde causadas pela doença. Agora que você já conhece os riscos do câncer associado à obesidade é hora de procurar um médico!

O câncer é uma doença séria que, se diagnosticada cedo, pode ter tratamento e cura. Não deixe a sua saúde de lado! Marque um especialista já e comece a melhorar os seus hábitos.